SE TEM FOGO TEM GLÓRIA

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PASTOR RONNE

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Manso e humilde de coração
Manso e humilde de coração Destaque
crispim Crítica 21 Março 2014
No mesmo discurso em que se declara manso e humilde de coração, Jesus exige submissão e não se despoja da condição de guardião das coisas entregues pelo Pai “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai...” ( Mt 11:27 ). A declaração de Jesus acerca da sua mansidão e humildade se dá após demonstrar ser o único que conhece a Deus, e que só Ele pode revelar o Pai aos homens, o que demostra que a humildade de Jesus não se dá através do despojar-se do que é ou possui.

Introdução

Deparei-me com a seguinte máxima estampada em uma rede social atribuída a um pastor: “Humildade é aquela virtude que, quando você percebe que a tem, já a perdeu” Andrew Murray. A frase parece resumir uma ideia grandiosa e completa em si mesma, mas a ideia se sustenta à luz das Escrituras?

Andrew Murray foi um pastor que teve o seu ministério eclesiástico influenciado pelo pai, um pastor vinculado à Igreja Presbiteriana da Escócia, que, por sua vez, mantinha estreita relação com a Igreja Reformada da Holanda. Como pastor, Murray é caracterizado no meio cristão como alguém que possuía uma profunda e ardente espiritualidade. Pelos idos de 1877, Murray fez inúmeras conferências acerca do tema santidade. Ele era adepto de uma teologia conservadora, opondo-se ao liberalismo, enfatizando em seus escritos a necessidade de uma consagração integral e absoluta a Deus através da oração e da santidade.

Como a frase foi proferida pelo Pr. Murray e sintetiza uma espécie de louvor à humildade, muitos cristãos abraçam o conteúdo da frase como verdade, porém, vejo a necessidade de analisa-la à luz das Escrituras.

Considerando que o Senhor Jesus apresentou-se como ‘manso’ e ‘humilde’ de coração, e comparando com a ideia exposta na frase do Pr. Murray, temos a seguinte interrogação: Jesus deixou de ser humilde quando afirmou ser manso e humilde?

Se ‘humildade é uma virtude que, quando se percebe que se tem, já perdeu’, o que dizer de Cristo quando afirmou ser manso e humilde de coração? Considerando a frase do Pr. Murray como verdadeira, teríamos que concluir que Jesus perdeu a humildade por entender e declarar ser humilde.

"Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas" ( Mt 11:29 )

Se admitirmos que o pastor Andrew foi verdadeiro em sua asserção, teremos que admitir que, naquele instante o Senhor Jesus deixou de ser humilde, por conseguinte, também faltou com a verdade.

Se admitirmos que Cristo falou a verdade, ou seja, que o seu coração realmente era manso e humilde, temos que admitir que o Pr. Murray se expressou de modo equivocado.

Cristo é a verdade, e as Escrituras dão testemunho de que nunca houve engano em sua boca, portanto, não dá para aceitar que seja uma expressão verdadeira a frase atribuída ao Pr. Andrew Murray.

"E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca" ( Is 53:9 );

"O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano" ( 1Pe 2:22 ).

A comparação acima evidencia o perigo em aceitar como verdadeiras frases de efeito, sem analisar a ideia à luz das Escrituras.

Para analisar a frase, ou o pensamento à luz das Escrituras, você precisa dispor de conhecimento bíblico. Existe a necessidade de você estar alimentado com sólido alimento, pois o sólido alimento é o que torna o cristão apto a distinguir tanto o bem quanto o mal, como se lê: "Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal" ( Hb 5:14 ).



Humildade

Quando Jesus se apresentou dizendo: - ‘Sou manso e humilde de coração’, o termo grego traduzido por humilde é ‘ταπεινος’, transliterado ‘tapeinos’.

Humilde –“5011 ταπεινος tapeinos de derivação incerta; TDNT - :1,1152; adj 1) que não se levanta muito do chão 2) metáf. 2a) como uma condição, humilde, de grau baixo 2b) abatido pela tristeza, rebaixado, deprimido 2c) humilde de espírito, humilde 2d) num mau sentido, que se comporta de forma humilhante, que se submete à servidão” Dicionário Bíblico de Strong.

“ταπεινος (tapeinos), primariamente “aquilo que é baixo e não sobe muito do chão”, como na Septuaginta em Ez 17.24. daí, metaforicamente, significa “humildemente, de nenhum grau” (2 Co 10.1; cf. Lc 1.52; Tg 1.9). Contraste com os termos tapeinophrosune, “humildade de mente”, e tapeinoõ, “humilhar”” Dicionário VINE

Um dicionário secular apresenta as seguintes definições:

Humilde - “adj. Que tem ou aparenta humildade, que se diminui voluntariamente: uma criatura humilde. Que denota respeito, deferência. Medíocre, baixo, obscuro: exercer funções humildes. (Usa-se como expressão de modéstia e civilidade: sou seu humilde criado.) S.m. Pessoa humilde: sempre protegeu os humildes” Dicionário online de português .

Naquele momento Jesus não estava falando da sua aparência física, não estava se diminuindo voluntariamente e nem estava falando das mazelas decorrentes da sua condição social ou econômica como carpinteiro. Não! Ele foi específico: - “Sou manso e humilde de coração”.

Quando Jesus declarou ser manso e humilde não estava se apresentando como alguém respeitoso, nem estava emocionalmente triste ou exercendo uma função medíocre. Não!

Quando Jesus disse ser manso e humilde estava exigindo que os homens se sujeitassem a Ele na condição de servos.

As definições de humilde que constam no dicionário online de português não se encaixam na exposição de Cristo, até porque Ele não esta se diminuindo, ou sendo respeitoso, antes estava exigindo sujeição (diminuíssem) a Ele.

Considerando o exposto no Dicionário Bíblico de Strong, vale destacar que Jesus não estava falando de suas emoções e sentimentos, como se estivesse triste, abatido, deprimido, etc., ou de sua condição socioeconômica: pobre, oprimido, etc. Ele também não está se apresentando como alguém que ‘não se levanta muito do chão’, no sentido de condição modesta e nem como alguém que foi abatido, humilhado.

Na verdade, ao se apresentar como ‘manso e humilde de coração’, Cristo reivindicou seu senhorio, dizendo: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim...” ( Mt 11:29 ). Jesus enfatiza que é necessário tomar sobre si o seu jugo e carregar o seu fardo ( Mt 11:30 ).

No mesmo discurso em que se declara manso e humilde de coração, Jesus exige submissão e não se despoja da condição de guardião das coisas entregues pelo Pai “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai...” ( Mt 11:27 ). A declaração de Jesus acerca da sua mansidão e humildade se dá após demonstrar ser o único que conhece a Deus, e que só Ele pode revelar o Pai aos homens, o que demostra que a humildade de Jesus não se dá através do despojar-se do que é ou possui.

Quando Jesus diz: ‘todas as coisas me foram entregues por meu Pai’, estava se apresentado como o Filho de Deus prometido a Davi, o rebento da raiz de Jessé ( Is 11:1 -4 ; 2Sm 7:14 ).

Resta considerar um último sentido do termo apontado por Strong: ‘num mau sentido, que se comporta de forma humilhante, que se submete à servidão’. Ora, Jesus não era alguém que se comportava de modo humilhante, subserviente. Não encontramos nas Escrituras Jesus se submetendo aos homens, quem quer que eles fossem ( Mc 12:14 ; Lc 13:32 ).

Para Strong humilhar-se no mau sentido é ‘submeter-se à servidão’, mas, se olharmos para as profecias acerca do Cristo, veremos que Ele foi escolhido por Deus para ser o servo do Senhor ( Is 49:1 -6). Cristo foi nomeado ‘o Sevo do Senhor’ quando foi dito: - “Tu és o meu servo” ( Sl 49:3 ). Cristo foi formado desde o ventre para ser servo, com a missão de trazer a casa rebelde (Jacó) a Deus e ajuntar a nação escolhida (Israel). Mas, Deus não restringiu a missão de Cristo, pois ela não se limitou à casa de Israel: Cristo também foi dado por Deus como Luz para os gentios ( Is 49:6 -7).

Analisando o termo ‘humilde’ com a visão do homem do nosso tempo, é compreensível a concepção de que há um mau sentido no termo ‘humilde’ por estar associada à escravidão, à crueldade do ser humano, porém, é possível considerar que há um ‘mau sentido’ quando o termo é utilizado para indicar que o homem submeteu-se a Deus?

Vale destacar que consta nos profetas que Deus fez menção do Cristo desde a fundação do mundo. Cristo foi colocado na aljava de Deus como uma flecha limpa e fez a boca d’Ele como uma espada aguda. Flecha na aljava aponta para a filiação divina do Cristo ( Sl 127:4 -5).

Deus concede apenas aos filhos o privilégio de servirem a Ele. Ser servo de Deus é honroso, de modo que não cabe ao termo ‘humildade’ um mau sentido quanto a ser servo de Deus. O mau sentido de ‘humildade’ decorre dos eventos recentes na historia da humanidade "Como livres, e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus" ( 1Pd 2:16 ).

Acerca de Cristo profetizou Davi: “Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste. Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de mim está escrito. Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração” ( Sl 40:6 -8; Hb 10:5 -10).

Apesar das variantes nas traduções: a) ‘os meus ouvidos abriste’, e; b) ‘corpo me preparaste’, o Salmo descreve a submissão voluntária do servo do Senhor à vontade de Deus. Cristo é o servo eleito de Deus, e o Salmista descreve esta sujeição através de uma prescrição na lei de Moisés, pois o escravo que ganhava a liberdade e que quisesse continuar sujeito ao seu senhor teria a ‘orelha furada’ pelo seu senhor diante dos lideres do povo (à porta). Temos aí a figura do servo voluntário, que se sujeita ao seu senhor porque o ama e se sente bem "Então tomarás uma sovela, e lhe furarás a orelha à porta, e teu servo será para sempre; e também assim farás à tua serva" ( Dt 15:17 ).

Ao apresentar-se como manso e humilde, Jesus não estava falando acerca do que estava sentido, antes estava apontando para a sua condição. Quando Ele disse: Sou manso e humilde de coração, estava dizendo, eu sou o Servo do Senhor enviado de Deus conforme a predito nas Escrituras.

Jesus foi comissionado a ensinar aos homens as coisas de Deus, e como servo resignou-se a falar somente o que o Pai estabeleceu nas Escrituras sem nada acrescentar ou diminuir "E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito" ( Jo 12:50 ); “Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis quem eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas falo como meu Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” ( Jo 8:28 -29).

O termo ‘humilde’ na fala de Jesus aponta para a condição dele como servo, no sentido de quem ‘se submete à servidão’. Segundo a visão do homem da antiguidade não há como considerar um mau sentido em ser ‘humilde’, ou seja, ser ‘servo’ de Deus. Sujeitar-se a Deus é uma honra, e estar a serviço de Deus é uma honra que ninguém toma para si se não for chamado “E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão” ( Hb 5:4 ; Is 49:3 ).

A missão do servo do Senhor era proclamar a mensagem que dá descanso e refrigério a alma "Assim diz o SENHOR: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele" ( Jr 6:16 ); "Ao qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; porém não quiseram ouvir" ( Is 28:12 ).

Por intermédio de quem Deus daria descanso. Por intermédio de Cristo, a pedra provada, bem firme e fundada. Por intermédio de Cristo, o servo eleito, a paz foi concedida a todos os homens "Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra. Para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas" ( Is 42:6 -7); “Portanto assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, uma pedra já provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada; aquele que crer não se apresse” ( Is 28:16 ).

Cristo é o servo do Senhor por sujeitar-se de coração à vontade do Pai: "Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra" ( Jo 4:34 ); "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou" ( Jo 6:38 ); "Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo" ( Hb 10:9 ).

Cristo é o servo do Senhor no qual Deus teve prazer ( Is 42:1 ; Mt 3:17 ), porque Ele se resignou a fazer a vontade de Deus em todo o tempo "Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua" ( Lc 22:42 ).

O termo ‘humilde’ não se refere a uma questão de foro íntimo, pessoal, subjetivo, antes aponta para algo objetivo. A humildade decorre da sujeição a um mandamento, o mesmo que submissão, obediência, fidelidade. Sem a ordem, sem o mandamento, sem a figura do senhor que ordena, não há humildade “Sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa” ( Hb 3:2 ).

A exortação para dar o seu melhor para Deus não contempla a humildade de Jesus, antes exalta a voluntariedade dos homens. O voluntarioso é altivo, é aquele que anula a vontade do Senhor expressa no mandamento e que realiza a própria vontade sob o argumento de que está servindo, como foi o caso do rei Uzias, que ousou entrar no templo e oferecer holocausto a Deus. Agiu guiado por intuição (carnal compreensão).

Obstinado - “authades (aúôriòriç), “que agrada a si mesmo" (formado de autos, "mesmo, próprio”, e hedomai, “agradar”), denota aquele que, dominado por interesse pessoal e em desconsideração de outros, afirma arrogantemente a própria vontade, “obstinado, rebelde, voluntarioso" Dicionário VINE.

Os filhos de Arão, Nadabe e Abiú experimentaram as consequências da altives quando ofereceram fogo estranho ao Senhor e foram rejeitados: “E OS filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário e puseram neles fogo, e colocaram incenso sobre ele, e ofereceram fogo estranho perante o SENHOR, o que não lhes ordenara” ( Lv 10:1 ); “Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper; e transgrediu contra o SENHOR seu Deus, porque entrou no templo do SENHOR para queimar incenso no altar do incenso” ( 2Cr 26:16 ).

A forma em que Davi fez a condução da arca da aliança exala a voluntariedade, o que trouxe a punição divina, mas a correção de atitude segundo a lei é submissão: “E temeu Davi ao SENHOR naquele dia; e disse: Como virá a mim a arca do SENHOR?” ( 2Sm 6:9 ).

Ao despir-se da sua gloria para ser introduzido no mundo, no Verbo de Deus houve prontidão de vontade, pois tinha autonomia de fazê-Lo. Mas, após se fazer homem, ou seja, achado na forma de servo, o Verbo eterno não foi voluntarioso propondo sacrifício ou oferta a Deus ( Hb 10:5 ; Hb 5:4 -5), antes resignou-se a obedecer tudo o que foi prescrito pelo Pai ( Hb 10:9 ).

Fl 2.7-8

A obediência é sacrifício agradável, é a disposição em resignar-se a cumprir a determinação de Deus. Para compreendermos o valor da obediência e do voluntarioso, é necessário observar o crente Abraão quando teve que apresentar o seu único filho em holocausto em obediência a Deus. Abraão não queria sacrificar o seu único filho, mas seguiu para o monte Moriá em obediência. O que estava sendo posto à prova no holocausto de Isaque era a obediência de Abraão, e não a sua voluntariedade "Porém Samuel disse: Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros" ( 1Sm 15:22 ).

Voluntariedade é uma disposição do homem em agradar a Deus através do que possui ou representa, mas o homem só agrada a Deus quando obedece à sua palavra. É Deus quem estabelece o que é agradável a Ele.

A humildade é condição de quem se sujeita ao Senhor como servo:

“Isto está claro em passagens como o Sl 86, onde Davi confessa que, embora ele seja o rei de Israel, ele é humilde (santo) e que, embora desfrute das riquezas do reino, ele é necessitado (confia em Deus). Com base nestas condições espirituais, ele ora pela resposta do concerto de Deus: “Guarda a minha alma, pois sou santo; ó Deus meu, salva o teu servo, que em ti confia” (Sl 86.2). As bênçãos buscadas são eternas (Sl 86.11-13) e temporais (Sl 86.14-17)” Dicionário VINE.

Embora a identificação do paralelismo seja perfeita, contudo a observação de Vine não se refere ao rei Davi, antes o Salmo 86 é messiânico, uma profecia acerca do filho de Davi - Cristo. Como rei na sua primeira vinda, Cristo é o pobre (humilde) e necessitado (confia em Deus).

A condição ‘pobre’ e ‘necessitado’ não é de bens materiais. São figuras extraídas da lei, pois Deus deixou a sua casa como abrigo dos pobres e necessitados ( Dt 26:12 ), referência de socorro e subsistência. Os termos apontam para aquele humilde (separado como servo) porque é necessitado (confia em Deus).

O servo (humilde) é santo (fiel) e pede que o seu Senhor guarde a sua alma, livrando-a do poder da morte ( Sl 86:13 ).



Manso

Semelhantemente, na declaração: ‘Sou manso e humilde de coração’ o termo ‘manso’ na frase em comento não é uma questão de foro íntimo, subjetiva, antes possui valor objetivo. A ‘mansidão’ de Cristo não decorre da relação com o próximo, mas da relação entre Ele e o Pai.

“praütes ou p ra o /e s, forma mais antiga (TTpaúrriç ou Tipaoníç) denota “mansidão”. Em seu uso na Escritura, no qual tem um significado mais extenso que nos escritos gregos seculares, não consiste só no “comportamento exterior da pessoa; nem ainda em suas relações para com o próximo; tampouco na sua mera disposição natural (...) está relacionado de perto com a palavra tapeinophrosune [humildade], e resulta diretamente dela (E f 4.2; Cl 3.12; cf. os adjetivos na Septuaginta em S f 3.12, ‘humilde e pobre'); [...] é somente o coração humilde que também é manso, e o qual, como tal, não luta contra Deus e mais ou menos se debate e combate com Ele (...) O significado de praütes “não é expresso prontamente em nosso idioma, pois os termos mansidão, brandura, comumente usados, sugerem fraqueza e pusilanimidade em maior ou menor extensão, ao passo que praütes não diz nada disso. Não obstante, é difícil encontrar uma tradução menos aberta à objeção que ‘mansidão’; gentileza’ foi sugerido. Mas como praütes descreve uma condição da mente e coração, e visto que ‘gentileza’ é apropriada preferivelmente para ações, esta palavra não é melhor que a outra. Deve ser entendido claramente que a mansidão manifestada pelo Senhor e recomendada para o crente c o fruto de poder. A suposição comum é que quando o homem é manso, é porque ele não pode se ajudar; mas o Senhor era ‘manso’ porque Ele tinha os recursos infinitos de Deus à Sua disposição” Dicionário VINE.

Da relação, Senhor e Servo estabelecida entre o Pai e o Filho, decorre a condição ‘manso’ do Filho, e como Deus quer salvar todos os homens, a submissão do servo proporciona aos homens a graça da redenção.

Competia ao Servo do Senhor substituir a desobediência de Adão pela obediência para que, pela obediência do Servo do Senhor, muitos possam ser feitos justos “Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos” ( Rm 5:19 ).

Para compreender a declaração de Cristo, vale destacar novamente que, no contexto, Jesus havia acabado de declarar que ‘Todas as coisas me foram entregues pelo meu Pai’. A qualidade de ‘manso’ se dá pelo poder investido pelo Pai no Filho, o Servo que se sujeitou a vontade do Pai em tudo “Sairei na força do Senhor DEUS, farei menção da tua justiça, e só dela” ( Sl 71:16 ).

O Filho é manso mesmo quando propõe seu senhorio aos homens, ele é manso mesmo quando a sua linguagem parece ser rude, como se lê na parábola dos trabalhadores contratados em horários diferentes "Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?" ( Mt 20:15 ).

Só é possível compreender a declaração de Cristo como ‘manso’ quando se compreende a total sujeição de Cristo a Deus, mesmo Deus entregando todas as coisas a Cristo “Sou como um prodígio para muitos, mas tu és o meu refúgio forte” ( Sl 71:7 ).

O termo grego traduzido por ‘entregue’ é παραδιδωμι, transliterado paradidomi, significa:

“1) entregar nas mãos (de outro), 2) transferir para a (própria) esfera de poder ou uso, 2a) entregar a alguém algo para guardar, usar, cuidar, lidar” Dicionário Bíblico de Strong.

Ao convidar os homens sobrecarregados e cansados em decorrência de um jugo duro e do fardo pesado que levam, Jesus prometeu alivio aos que se sujeitam a Ele. O convite expressa o poder de um Senhor que oferece um jugo suave e um fardo leve aos seus servos. Ele demonstra ter o poder de livrar qualquer homem da opressão e do cansaço do jugo do pecado, desde que se submeta ao seu senhorio.

As Escrituras testificam de Cristo ( Jo 5:39 ), apresentando dois aspectos pertinente àquele que declarou: - “Sou manso e humilde de coração”: a) era o Servo do Senhor, porque se sujeitou a vontade do Pai ( Sl 40:8 ), b) e Rei, porque todas as coisas foram entregues a Ele pelo Pai;

O Servo do Senhor foi descrito por Isaias como prudente e, quando exaltado, elevado e mui sublime: rei "Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime" ( Is 52:13 ); “Aumentarás a minha grandeza, e de novo me consolarás” ( Sl 71:21 ).

Este mesmo Servo trouxe um conhecimento específico, de modo que demanda por parte dos homens aprenderem este conhecimento e, em contra partida, serem aliviados de suas iniquidades, pois o jugo e a carga que pesa sobre os homens, o Servo do Senhor levou sobre si "Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si" ( Is 53:11 ).

O conhecimento das Escrituras é imprescindível para que os homens entendam, assim como as criancinhas que estavam no templo, que Cristo é aquele que veio em nome do Senhor: - “Hosana ao que vem em nome do Senhor” ( Mt 21:15 ), e lembrar do profetizado por Zacarias: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta” ( Zc 9:9 ). Diante deles não estava um profeta, mas o filho de Davi, o rei de Israel, o Filho de Deus ( Mt 16:13 -14).



É um equivoco considerar que Jesus era manso no sentido de possuir um gênio submisso aos homens. Ele era manso por enfatizar a autoridade do Pai como servo. A autoridade que viam em Jesus decorria do seu ensino e, diferente dos escribas que transtornavam o mandamento de Deus, Cristo cumpriu o mando do Pai "Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas" ( Mt 7:29 ); "E admiravam a sua doutrina porque a sua palavra era com autoridade" ( Lc 4:32 ).

O termo grego traduzido por manso é:

“4239 πραυς praus aparentemente, palavra primária, ver 4235; TDNT - 6:645,929; adj1) gentileza, bondade de espírito, humildade” Dicionário Bíblico de Strong

O termo hebraico traduzido por manso é:

“06035 anav ou [pela combinação com 6041] עניו anayv procedente de 6031; DITAT - 1652a; n. m. 1) pobre, humilde, aflito, manso 1a) pobre, necessitado 1b) pobre e fraco 1c) pobre, fraco e aflito 1d) humilde, modesto, manso” Dicionário Bíblico de Strong

A definição de ‘manso’ que consta dos dicionários não é o que Jesus enfatizou ao dizer: - “Sou manso e humilde de coração”. Cristo era ‘manso’ não no sentido de ser pobre, aflito, fraco, modesto, etc., mas em função da maneira em que, como Servo do Senhor cumpria a sua missão.

Os homens reputaram o Cristo como aflito e ferido de Deus, no entanto, o Cristo estava sendo manso, ou seja, não lançou mão das prerrogativas que possuía antes de ser encarnado, e nem antecipou as prerrogativas que receberia ao ser glorificado pelo Pai ‘... e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido’ ( Is 53:4 ).

O termo não deve ser compreendido do ponto de vista moral ou socioeconômico e nem como autocontrole.

No texto a seguir muitos veem autocontrole, mas nele fica estampada a obediência: “E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém. E mandou mensageiros adiante de si; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada, Mas não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém. E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia” ( Lc 9:51 -56).

A orientação de Cristo aos discípulos vai além da ideia de autocontrole, pois deveriam identificar, compreender, a que espirito pertenciam, portanto, deviam se ater à missão recebida "Porque o Filho do homem veio salvar o que se tinha perdido" ( Mt 18:11 ).

Como servo do Senhor, Jesus é o majestoso salvador que cavalgou prosperamente pela causa da verdade, mansidão e da justiça, e como Ele punha a confiança em Deus, Deus ensinou a Ele coisas terríveis “E neste teu esplendor cavalga prosperamente, por causa da verdade, da mansidão e da justiça; e a tua destra te ensinará coisas terríveis” ( Sl 45:4 ); "Tenho posto o SENHOR continuamente diante de mim; por isso que ele está à minha mão direita, nunca vacilarei" ( Sl 16:8 ).

Jesus era manso porque nada realizou entre os homens que promovesse uma glória própria. Apesar de o Pai entregar a Ele todas as coisas, tudo o que realizou visava a glória do Pai “Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei” ( Jo 12:28 ).

Cristo não promoveu a si mesmo buscando honra e glória ( Jo 8:50 ), tudo o que falou restringia-se ao mandamento que o pai determinou que falasse “Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito” ( Jo 12:49 -50).

Através do paralelismo antitético do provérbio: "Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos" ( Pv 16:19 ), em que ‘humilde de espírito’ é condição oposta a ‘soberbo’, verifica-se que o manso não visa lucro no exercício do seu mister, diferente dos soberbos querem o despojo "Por que, pois, não deste ouvidos à voz do SENHOR, antes te lançaste ao despojo, e fizeste o que parecia mau aos olhos do SENHOR?" ( 1Sm 15:19 ).

Apesar de ser herdeiro de todas as coisas e ter o poder de fazer todas as coisas assim como o Pai, Cristo abriu mão de qualquer ação autônoma “Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente” ( Jo 5:19 ).

Ser manso é ter o poder de realizar ou de se vingar, mas resignar-se a cumprir estritamente a vontade do seu Senhor. É ter à mão doze legiões de anjos, e não fazer uso do recurso por preocupar-se com a palavra do seu Senhor “Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?” ( Mt 26:53 -54).

Ora, temos registrado nas Escrituras que Moisés foi o homem mais ‘manso’ da terra ( Nm 12:3 ). O termo manso (עָנָו anav) refere-se a um sentimento ou a uma virtude? O termo não aponta para questões do sentimento e nem da moral!

“Em sua primeira ocorrência a palavra descreve a condição objetiva como também a postura subjetiva de Moisés. Ele era completamente dependente de Deus e via o que era: ‘E era o varão Moises mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra’ (Nm 12.3)” Dicionário VINE.

“06035 עָנָו anav ou [pela combinação com 6041] עניו anayv procedente de 6031; DITAT - 1652a; n. m. 1) pobre, humilde, aflito, manso 1a) pobre, necessitado 1b) pobre e fraco 1c) pobre, fraco e aflito 1d) humilde, modesto, manso” Dicionário Bíblico Strong

Em nossos dias não é aprovado como manso um homem que lança mão de um homem para mata-lo ( Ex 2:12 ). Alguém gentil pode ser severo, pesado ao falar? ( Ex 4:10 ) Como o homem mais manso fica irado a ponto de arremessar e quebrar as tábuas dos mandamentos? ( Ex 32:19 )

As Escrituras designam Moisés como mui manso porque ele não defendia a sua causa ou posição, antes deixava a cargo de Deus defende-Lo. Por várias vezes o profeta Moisés foi desafiado por seus irmãos segundo a carne, e em nenhuma delas Moisés utilizou da autoridade concedida para vindicar a sua posição.

Miriam e Arão confabularam contra Moisés, e Deus interveio ( Nm 12:1 ). Eles até poderiam censurar Moisés por ter tomado para si uma mulher cusita, mas não tinham o direito de contestar o ministério e a autoridade de Moisés com base em uma questão familiar ( Nm 12:2 ); "A Deus não amaldiçoarás, e o príncipe dentre o teu povo não maldirás" ( Êx 22:28 ).

O povo revoltou-se contra Moisés e queriam eleger um líder que os conduzisse de volta ao Egito ( Nm 14:4 ). Moisés poderia se impor sobre o povo como líder, no entanto, ele se voltou para Deus se prostrando como servo ( Nm 14:5 ). Apesar de estar investido de poder sobre a casa de Deus, Moisés evidencia a força de Deus ( Nm 14:17 -19).

Coré, Datã e Abirão, juntamente com duzentos e cinquenta príncipes do povo, se opuseram a Moisés contestando a sua autoridade sob o argumento de que toda a congregação era santa ( Nm 16:3 ), e Moisés nada argumentou em seu favor. Apesar da ira que lhe sobreveio, porque nunca havia defraudado a nenhum dos filhos de Coré, Datã e Abirão ( Nm 16:15 ), deixou a cargo de Deus evidenciar quem era o escolhido para conduzir o povo ( Nm 16:28 ).

Por ser mui manso, Moisés fez com que os filhos de Israel apresentassem segundo o número de suas tribos doze varas. Após serem identificadas com os nomes das tribos, as varas foram deixadas de um dia para o outro na tenda da congregação, e no dia seguinte a vara de Arão havia florescido, as flores desabrocharam e produziam amêndoas ( Nm 17:8 ).

A Bíblia descreve Moisés como ‘mui’ manso. O termo hebraico traduzido por ‘mui’ é מְאֹ֑ד, significando:

“1) extremamente, muito subst. 2) poder, força, abundância n m 3) grande quantidade, força, abundância, extremamente 3a) força, poder 3b) extremamente, grandemente, muito (expressões idiomáticas mostrando magnitude ou grau) 3b1) extremamente 3b2) em abundância, em grau elevado, excessivamente 3b3) com grande quantidade, grande quantidade” Dicionário Strong.

Se comparado aos outros homens, Moisés era muito manso, e não foi nomeado ‘manso’, o que indicaria uma condição plena, porque certa feita, em lugar de obedecer a palavra do Senhor e falar a rocha, feriu a rocha duas vezes, de modo que não evidenciou ao povo quem lhes deu água a beber da rocha ( Nm 20:11 -12).

Cristo por sua vez apresenta-se manso e humilde, condição que O habilita a ensinar os seus ouvintes o conhecimento que lhes dará descanso “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si” ( Is 53:11 ).

Jesus não se defendeu, antes confiou inteiramente no Pai "Pois tu tens sustentado o meu direito e a minha causa; tu te assentaste no tribunal, julgando justamente" ( Sl 9:4 ); "O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente" ( 1Pd 2:23 ).

Quando Jesus foi incisivo, a intervenção visou a causa do Pai, como podemos ver quando Ele expulsou os cambistas da casa do Pai, mas em tal evento ele permaneceu manso “E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda. E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará” ( Jo 2:16 -17).

Da mesma forma, Cristo, como Filho sobre a sua própria casa, foi um servo gentil, obediente, conforme o expresso nas Escrituras: "Quem é cego, senão o meu servo, ou surdo como o meu mensageiro, a quem envio? E quem é cego como o que é perfeito, e cego como o servo do SENHOR?" ( Is 42:19 ).

Quem é cego, surdo e perfeito? A resposta está no verso 1: "EIS aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos gentios" ( Is 42:1 ).

Ser cego, surdo e perfeito aponta para condição, e não para questões circunstanciais como a emoção ou o sentimento. Cristo é o servo do Senhor em quem Deus se apraz. E Jesus foi ungido com o espírito do Senhor porque, como servo, tinha que tirar da prisão os presos “Eu, o SENHOR, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios. Para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas” ( Is 42:6 -7).

Quando Jesus disse: "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim...”, estava anunciando as boas novas de salvação. Qualquer que se fizesse servo de Cristo, ou seja, tomasse sobre si o jugo de Cristo, aprenderia d’Ele, o servo (humilde) gentil (manso) de coração, consequentemente, tais pessoas encontrariam o descanso prometido por Deus.

Jesus não disputava uma cadeira na galeria dos humildes que a humanidade elegeu para si com pessoas como Ghandi, Madre Paulina, Madre Tereza de Calcutá, etc. Quando Jesus disse: "... sou manso e humilde de coração...” ( Mt 11:29 ), estava se apresentando aos seus ouvintes como Aquele que se submeteu a vontade do Pai como servo, ungido (escolhido, eleito) a pregar boas novas que dá liberdade aos cativos “O ESPÍRITO do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes” ( Is 61:1 -2).

Jesus continuou sendo o servo do Senhor quando disse: "... sou manso e humilde de coração...” ( Mt 11:29 ).
Jesus continuou manso e humilde quando expulsou os cambistas do templo (Jo 2:15 ).
Jesus não deixou de ser humilde quando se apresentou como o ‘Eu Sou’ que existia antes mesmo que Abraão existisse "Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou" ( Jo 8:58 ).
Jesus continuou humilde após se apresentar a Pilatos "Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz" ( Jo 18:37 ).
Jesus não perdeu a humildade após se declarar Mestre e Senhor "Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou" ( Jo 13:13 ).
Ao dizer ser o Filho de Deus, Jesus não faltou com a verdade e nem perdeu a sua condição de humilde, pois continuou sendo o servo (ταπεινος tapeinos) do Senhor "Àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?" ( Jo 10:36 ).
Mesmo após dar testemunho de Si mesmo, Cristo continuou sendo o servo do Senhor, ou seja, humilde e manso de coração "Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou" ( Jo 8:18 ).
Cristo, o Verbo eterno se esvaziou a si mesmo ao tomar a forma de servo se fazendo semelhante aos homens "Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens" ( Fl 2:7 ). Mas, tomar a forma de servo não é o mesmo que ser servo. Porém, Cristo após se achar na forma de servo, ou seja, semelhante aos homens, humilhou-se a si mesmo sendo obediente até a morte "E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz" ( Fl 2:8 ).
Tomar a forma de servo é se fazer homem, mas ser servo (humilhar a si mesmo) é obedecer.

Onde está o segredo da humildade? Na obediência! Ao obedecer a vontade do Pai resignando-se a morrer na cruz, Cristo humilhou-se a si mesmo fazendo-se servo.

Além de Cristo humilhar a si mesmo se fazendo servo apresentando-se como cordeiro sobre a cruz, os seus algozes negaram-lhe um julgamento justo "Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; E quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra" ( At 8:33 ; Is 53:8 ).

O que se depreende da frase em comento, como do livro ‘Humildade – A Beleza da Santidade’, ambos produzidos pelo Pr. Andrew Murray é que ele não compreendeu o que é humildade do ponto de vista bíblico.



Quem se humilha será exaltado

Em dois momentos que Jesus censurou os escribas e fariseus, foi dito: "E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado" ( Mt 23:12 ; Lc 18:14 ).

O texto não diz que os cristãos são aqueles que são humilhados, no sentido de serem desprezados. Jesus enfatizou que aquele que se humilha é que será exaltado, ou seja, se humilha aquele que se sujeita a Deus "Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte" ( 1Pd 5:6 ).

À época de Cristo um homem livre estava na mais alta posição, se contrastada a sua condição social com a de um escravo. Como alguém poderia ‘humilhar’ a si mesmo? Se fazendo servo!

Como se humilhar a si mesmo do ponto de vista bíblico? Se fazendo servo de Deus. E como tornar-se servo de Deus? Obedecendo a sua ordem? E qual a sua ordem? Que creiais naquele que Ele enviou.

"Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou" ( Jo 6:29 );

“E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento” ( 1Jo 3:23 ).

Daniel foi um homem que se humilhou diante de Deus. Como? Primeiro ele se aplicou a compreender o que o profeta Jeremias havia profetizado (Dn 9:2 ), e ao querer colocar em prática o que compreendeu, estava se humilhando, ou seja, se fez servo de Deus "Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras (...) Mas eu te declararei o que está registrado na escritura da verdade" (Dn 10:12 e 21).

Já o rei Belsazar, apesar de saber tudo o que o seu pai, o rei Nabucodonosor, passou por não reconhecer que Deus é o Altíssimo, não se fez servo de Deus "E tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que soubeste tudo isto" ( Dn 5:22 ).

O servo do Senhor não pode ter a iniciativa de falar de si mesmo, antes deve seguir o exemplo do apóstolo Paulo: "Porque não ousarei dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para fazer obedientes os gentios, por palavra e por obras" ( Rm15:18 ). Para fazer os gentios obedientes, o apóstolo Paulo não ousou falar coisa alguma que Cristo não houvesse feito por intermédio do apóstolo.

Cristo como servo falou as palavras de Deus conforme Deus havia estabelecido sem alterá-la em nada "Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis quem eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas falo como meu Pai me ensinou" ( Jo 8:28 ). E porque Jesus teve o cuidado de falar conforme o Pai ensinou? Porque Ele sabia que o mandamento de Deus é a vida eterna, e alterar o mandamento de Deus produz morte "E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito" ( Jo 12:50 ).

Ao crer em Cristo o apóstolo Paulo se humilhou a si mesmo, pois se fez servo de Cristo. Ao perseverar anunciando o evangelho tal qual aprendeu, o apóstolo permanecia na posição de servo, pois somente anunciando tal qual aprendeu os outros seriam exaltados "Pequei, porventura, humilhando-me a mim mesmo, para que vós fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho de Deus?" ( 2Co 11:7 ).

Obediência estrita ao conteúdo do evangelho é a essência da auto humilhação, e não questão de caráter, como aponta Murray “Vamos estudar o caráter de Cristo até nossa alma estar cheia de amor e admiração por Sua humildade” Andrew Murray, Série Riquezas de Cristo - Humildade – A Beleza da Santidade, Título do original em inglês: Humility - The BeautyofHoliness © 1994 Christian LiteratureCrusade, EUA © 2000 CCC Edições; Tradução: Alessandra Schmitt Mendes.

Obediência não diz de um feitio moral, senão o reino de Deus estaria vetado às meretrizes e publicanos. ‘Obediência’ ou ‘se fazer servo’ está em que se faça o que foi determinado, como se lê: “Mas, que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi. E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu vou, senhor; e não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer” ( Mt 21:28-32).

A Bíblia apresenta a desobediência de Adão como a ofensa contra Deus que trouxe a queda da humanidade e a obediência de Cristo como causa da justificação, de modo que a salvação é substituição de ato, obediência pela desobediência “Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos” ( Rm 5:19 ).

Por não compreender que a humildade de Cristo teve relação exclusiva com o fato de Ele ser o servo obediente é que surgem colocações como: “Cristo é a humildade de Deus incorporada na natureza humana: o Amor Eterno humilhando-se a Si mesmo, revestindo-se com as vestes da mansidão e da bondade para vencer, e servir e nos salvar. Como o amor e condescendência de Deus fazem Dele o benfeitor, e auxiliador e servo de todos, assim, Jesus, por necessidade, se tornou a Humildade Encarnada. E, assim, mesmo no centro do trono, Ele é o manso e humilde Cordeiro de Deus” Idem.

Cristo foi humilde porque se sujeitou a Deus como servo. Mas, a quem o Altíssimo se sujeitaria para ser humilde? Há humildade em Deus? Deus deixou de ser bom (ἀγαθός agathos)? Ora, o predicativo ‘bom’ quando aplicado a Deus significa aquele que é superior, de cima, nobre, em contrate com aqueles que são de baixo, ralé, inferiores, significado que não contempla a ideia do homem do nosso tempo que acha que Deus é bonzinho, condescendente, etc. "E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos" ( Mt 19:17 ).

“18 αγαθοςagathos uma palavra primitiva; TDNT 1:10,3; adj 1) de boa constituição ou natureza. 2) útil, saudável 3) bom, agradável, amável, alegre, feliz 4) excelente, distinto 5) honesto, honrado” Strong

Por não compreender que o termo ‘humildade’ na Bíblia faz parte de uma linguagem utilizada para se fazer compreender diante dos homens à época, ou seja, homens que não pertencem ao nosso tempo, é que o Pr. Murray fez a seguinte colocação: “É nesse estado de mente, nesse espírito e disposição, que a redenção de Cristo tem sua virtude e eficácia. É para trazer-nos para essa disposição que somos feitos participantes de Cristo. Esta é a verdadeira abnegação, para a qual nosso Salvador nos chama: o reconhecimento de que o ego não tem nada de bom em si mesmo, exceto como um recipiente vazio que Deus tem de preencher, e de que sua pretensão de ser ou fazer qualquer coisa não deve, nem por um momento, ser permitida. É nisto, acima e antes de todas as coisas, que consiste a conformidade com Jesus: nada ser e nada fazer de nós mesmos, para que Deus seja tudo” Idem.

Sendo Cristo o ente santo gerado de Deus, em tudo semelhante aos homens, significa que o seu ego não tinha nada de bom em si mesmo? E os que crêem em Cristo, portanto, gerados de novo participantes da natureza divina, não possuem nada de bom no ego?

Cristo era participante da natureza do seu Pai, Ele era bom porque seu Pai é bom. Primeiro era ‘bom’ no sentido de ‘bem nascido’, ‘distinto’, ‘nobre’, segundo, porque Cristo era benevolente.

É um erro entender que o mal decorre do ego do indivíduo, pois o mau se instalou no homem decaído por causa da barreira de separação (pecado) que alienou o homem de Deus, o bom e o bem supremo. O conhecimento do bem e do mal que tornou o homem como Deus não é a causa do mau, portanto, não se deve afirmar que o ego não tem nada de bom em si mesmo.

Leia a seguinte definição de Ego:

“Ego é termo da psicanálise que aponta para o eu de cada indivíduo, a essência da personalidade. A principal função do ego é harmonizar os desejos com a realidade, e depois harmonizar os desejos e a realidade com as exigências presentes nos valores da sociedade. O ego define a personalidade, filtrando os conteúdos do inconsciente impedido que passem para o campo da consciência" Teoria psicanalítica < http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_psicanal%C3%ADtica > Consulta realizada em 17/03/2014.

Tudo que o homem é e realiza possui relação com o ego. Mesmo o salvo tem ego, pois Deus jamais anula o indivíduo, mesmo após o evento do novo nascimento. O ego faz parte da massa, que Deus, o oleiro, tem poder para fazer vasos para honra. O ego não é sinônimo de altivez, orgulho, etc. Não há como falar em homem se não considerarmos o ego. Se excluir o ego do homem, o homem deixa de ser homem.

O Pr. Murray chegou a conclusão de que Cristo negou o seu ego após listar alguns versos onde aparece o advérbio de negação ‘não’, como se vê:

"O Filho nada pode fazer de Si mesmo" ( Jo 5:19 ); "Eu nada posso fazer de Mim mesmo (...) O Meu juízo é justo, porque não procuro a Minha própria vontade" (v. 30); "Não aceito glória que vem dos homens" (v. 41); "Eu desci do céu, não para fazer a Minha própria vontade" ( Jo 6:38 ); "O Meu ensino não é Meu" (Jo 7:16 ); "Não vim de Mim mesmo" (v. 28); "Nada faço por Mim mesmo" (Jo 8:28 ); "Não vim de Mim mesmo, mas Ele Me enviou" ( Jo 8:42 ); "Eu não procuro a Minha própria glória" (v. 50); "As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim mesmo" ( Jo 14:10 ); "A palavra que estais ouvindo não é Minha" (v. 24).

A análise de um psicólogo com base nestes versículos daria a ideia de que Jesus estava negando o seu ego, porém, o que dizer dos versos em que Ele enfatiza o ‘Eu’?

"E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede" ( Jo 6:35 ); "E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo" ( Jo 8:23 ); "Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados" ( Jo 8:24 ); "Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou" ( Jo 8:58 ); "Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens" ( Jo 10:9 ); "Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas" ( Jo 10:11 ); "Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá" ( Jo 11:25 ); "Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" ( Jo 15:5 ); "Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou" ( Jo 13:13 ).

Após ler estes versos, seria Jesus narcisista?

Que dizer das seguintes palavras: “Elas mostram o que Cristo considerou como o estado de coração que Lhe cabia como o Filho do Pai. Elas nos ensinam o que são a natureza e vida essenciais dessa redenção que Cristo cumpriu e agora transmite. É isto: Ele não era nada para que Deus fosse tudo. Ele renunciou a Si mesmo totalmente, com Sua vontade e Suas forças, para que o Pai trabalhasse Nele. De Seu próprio poder, Sua própria vontade, Sua própria glória, de toda a Sua missão com todas as Suas obras e Seu ensinamento — de tudo isso, Ele disse: "Não sou Eu, não sou nada. Eu Me dei totalmente ao Pai para trabalhar; não sou nada, o Pai é tudo"” Idem.

Jesus não disse as palavras acima, ou buscou apregoar a ideia expressa pelo Pr. Murray. Ora, João Batista foi quem procurou se diminuir, e não Cristo "É necessário que ele cresça e que eu diminua" ( Jo 3:30 ).

Cristo não disse que não era nada, antes Ele disse: "Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" ( Jo 15:5 ). Jesus não disse ‘eu me dei totalmente ao pai para trabalhar, antes Ele disse: "E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também" ( Jo 5:17 ).
O cristianismo e o julgamento final
O cristianismo e o julgamento final
crispim Escatologia 23 Maio 2012
Estes estudiosos chegam a afirmar que grande parte da cultura Persa foi adaptada e copiada pelos Judeus, e, que, grande parte do Antigo Testamento é Cópia do Zend-avesta, um livro sagrado dos Mazdeistas, seguidores de Zoroastro. Um dos mitos presente na maioria das civilizações e religiões é a do juízo final, sendo que Egípcios, Babilônicos, Persas, e outras civilizações acreditavam em um juízo final. As religiões apostam em um julgamento final, mas a Bíblia não apresenta a mesma ideia. O que a bíblia diz acerca deste tema? Haverá um julgamento final?



O que os homens dizem

A humanidade ao longo dos séculos acreditou em um Juízo final, mas, o que a bíblia diz? Haverá mesmo um juízo final? O que será julgado em tal juízo?

Alguns estudiosos comparam a cultura judaico-cristã com outras culturas e alegam que o cristianismo e o judaísmo adotaram vários mitos provenientes de outras civilizações.

Estes estudiosos chegam a afirmar que grande parte da cultura Persa foi adaptada e copiada pelos Judeus, e, que, grande parte do Antigo Testamento é Cópia do Zend-avesta, um livro sagrado dos Mazdeistas, seguidores de Zoroastro.

Um dos mitos presente na maioria das civilizações e religiões é a do juízo final, sendo que Egípcios, Babilônicos, Persas, e outras civilizações acreditavam em um juízo final.

As religiões apostam em um julgamento final, mas a Bíblia não apresenta a mesma ideia. O que a bíblia diz acerca deste tema? Haverá um julgamento final? Vejamos!

"Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens, para condenação..." ( Rm 5:18 ).

A bíblia é enfática ao demonstrar que o tal juízo final esperado pela humanidade já ocorreu no início da civilização humana. O julgamento da humanidade se deu em Adão e através dele uma condenação pesa sobre todos os homens.



O homem

Deus criou o homem a sua imagem e semelhança. Muitos questionam o que vem a ser a imagem e a semelhança que o homem adquiriu do seu Criador, visto que Deus é Espírito, e como tal, não possui partes ou substâncias tangíveis para que o homem fosse feito a Sua semelhança. Paulo esclarece este ponto: "... o qual (Adão) é a figura daquele que havia de vir (Jesus)" ( Rm 5:14 ), Adão foi agraciado com a figura de Cristo, o último Adão ( 1Co 15:45 ).

Adão também foi agraciado com a semelhança do seu Criador. Que semelhança? Intelectual? Moral? Não! A semelhança com o Criador não se fixa em elementos pertinentes a humanidade.

Antes, por Deus exercer domínio sobre o universo, ao homem foi dado por semelhança domínio sobre a face da terra "... domine ele (...) sobre toda a terra" ( Gn 1:26 ). Para exercer domínio sobre a terra, Adão foi agraciado com intelecto e livre-arbítrio.

Deus exerce domínio sobre todas as coisas e Adão, por semelhança, passou a exercer domínio sobre a terra. Deus é plena liberdade e Adão, por semelhança, foi agraciado com o livre-arbítrio. Deus é criador e o homem foi agraciado com a autonomia de poder trazer outro semelhante à existência através de sua própria vontade.

Nem mesmo os anjos, superiores em poder e glória, podem trazer à existência outro ser, que o homem, por semelhança ao seu Criador, traz ao mundo.

Com a ordenança divina surge um entrave: Adão não devia comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Muitos vêem na determinação divina uma simples proibição. Porém, através da ordenança divina Adão adquiriu outra semelhança com o Criador. Vejamos:

Deus soberano é plenamente livre, porém, Ele não pode mentir, ou seja, Deus não pode negar-se a si mesmo, ou seja, atentar contra a Sua própria natureza. Deus jamais atentará contra a sua própria natureza ou existência, e ao ser instituída a ordenança no Jardim do Éden, Adão por semelhança foi instruído a não atentar contra a sua própria natureza.

Após a ordenança de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, Adão tornou-se semelhante ao seu Criador, visto que, não podia atentar contra a sua própria natureza: vida proveniente da comunhão com Deus.

Adão possuía plena liberdade, visto que podia comer de todas as árvores do jardim: "De toda a árvore do jardim comerás livremente..." ( Gn 2:16 ). Deus não impôs a necessidade de escolha, mas Adão possuía liberdade para escolher comer de toda árvore ou não. Ele não era obrigado a escolher nada. Se quisesses, viveria passivamente, sem fazer escolha alguma, e continuaria livre.

Adão era perfeito e habitava em um lugar perfeito. Posteriormente, o Jardim tornou-se o cenário do Tribunal onde a humanidade foi julgada e condenada."...mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás, pois no dia em que dela comeres, certamente morrerás" ( Gn 2: 17 ).

Deus é onipotente, porém não pode mentir ou negar-se a si mesmo ( 2Tm 2:13 ). Deus é fiel e justo. Se Deus mentisse, fosse infiel ou injusto, Ele deixaria de ser Deus: o Deus que conhecemos: santo, justo e bom. Esta mesma regra foi estabelecida por Deus ao homem.

O homem de posse de plena liberdade não podia comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Mesmo sendo livre e capaz, Adão não devia comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Há certas coisas que Deus não pode fazer, e da mesma forma, por semelhança, foi demonstrado ao homem o que ele não podia fazer, visto que, comprometeria a sua própria natureza.

Deus podia intervir não deixando Adão exercer a sua livre vontade quando intentou comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Deus podia, mas não o fez, uma vez que Ele não voltar atrás em seus propósitos.

Adão podia comer de todas as árvores do jardim, mas no dia em que comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal, neste dia haveria de morrer. De que morte Deus falou a Adão?

Como a regra foi instituída por Deus, o conceito de morte expressava uma ideia presente no próprio Deus e não segundo a concepção humana, que é voltar ao seio da terra.

O conceito de morte que a humanidade conhece foi instituída somente após a queda de Adão, quando Deus disse: "...és pó, e ao pó tornarás" ( Gn 3:19 ) (morte física). Quando foi dito que Adão certamente morreria, caso comesse da árvore do conhecimento, Deus não estava falando da volta do homem ao pó da terra (morte física), e sim da separação que se estabeleceria entre o homem e Deus, tornando o homem alienado da vida que há em Deus.

Após comer da árvore 'proibida', Adão deixou a condição de santo, justo e bom, e passou a estar separado do seu Criador. Deus é vida, e separado do seu Criador, que é santo, justo e bom em essência, Adão passou a condição de morto, ou seja, a sua natureza deixou de possuir as mesmas características da natureza do seu Criador.



A Ofensa, o Juízo e a Condenação

Adão desobedeceu ao Criador e comeu da árvore do conhecimento do bem e do mal. Adão com capacidade plena para comer de todas às árvores do jardim escolheu justamente a árvore que lhe era vetada. Ele lançou mão do juízo e da condenação.

No instante em que Adão comeu da árvore do conhecimento do bem e do mal, ele abraçou um juízo, uma condenação e foi apenado: morreu! O que ocorreu com Adão passou a toda humanidade, e por isso a bíblia diz que ‘todos pecaram e destituídos estão de Deus’.

Paulo descreve o que ocorreu com a humanidade em conseqüência da ação de Adão: "O juízo veio de uma só ofensa, na verdade para condenação (...) Pois se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse (...) assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens, para condenação (...) Pois como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores" ( Rm 5:16 -19 ; 1Co 15:21 -22).

Sobre a condição da humanidade Jesus disse: "Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado..." ( Jo 3:18 ), ou: "...tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida" ( Jo 5:24 ).

Através destes versículos é possível perceber que o julgamento da humanidade se deu no passado. Todos os homens foram julgados e condenados em Adão. O juízo 'final', que muitos esperam, deu-se no início da história da humanidade e todos os homens nascem debaixo de condenação.

O posicionamento da bíblia difere em muito do que as nações e religiões pagãs anunciam. Não há paralelo no patrimônio histórico cultural da humanidade, ou uma similaridade entre o que as religiões do mundo acreditam e o posicionamento bíblico. Que cultura apresenta a humanidade como julgada e debaixo de condenação?

Enquanto muitos esperam comparecer perante um tribunal semelhante aos tribunais humanos, onde o conceito de justiça é segundo parâmetros de certo e errado, leis, moral, caráter, comportamento, que decorrem das ações praticadas no dia-a-dia. Enquanto a humanidade espera um julgamento por suas próprias ações individuais, a bíblia demonstra que toda a humanidade está condenada como conseqüência do ato de um único homem: Adão.

A bíblia apresenta uma única transgressão, um único juízo e uma condenação que se estende a humanidade.

Sobre este aspecto Davi disse: "Certamente em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe" ( Sl 51:5 ). A sujeição ao pecado vem desde o nascimento do homem. Por conseguinte "Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há se quer um" ( Sl 14:3 e Sl 53:3 ). Tal condição afeta o homem desde a madre: “Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras" ( Sl 58:3 ).

O profeta Isaías em seu livro descreve a condição dos homens retratando tal condição em seu povo ( Is 59 ).

Certamente que a humanidade já está julgada e pesa sobre ela uma condenação. Por isso o escritor aos Hebreus diz: "Como escaparemos nós se não atentarmos para uma tão grande salvação?" ( Hb 2:3 ).

Somente o cristianismo apresenta a urgência da salvação para o dia que se chama ‘hoje’, visto que, os homens estão perdidos (condenados) em Adão. As religiões e a própria cultura da humanidade aponta o futuro na espera de uma decisão de que serão ou não condenados, porém, a bíblia demonstra que estão enfatuados em sua carnal compreensão.

O mito do juízo final presente na maioria das civilizações e religiões não resiste à verdade do evangelho, que demonstra que a humanidade está de baixo de condenação ( Jo 3:18 ), e que a salvação encontra-se em Cristo, o último Adão.

Haverá sim um juízo no futuro da humanidade, porém, este juízo será quanto às obras dos homens perdidos, que foram condenados em Adão.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

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segunda-feira, 3 de março de 2014

Hebreus 6:4-8 e Hebreus 10:26-31.


Pode o crente perder sua Salvação, de acordo com Hebreus 6:4-8?


“4 Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, 5 E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, 6 E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. 7 Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; 8 Mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.” (Hb 6:4-8 ACF)






1.) Se o verbo "recair" quer dizer "pecar", então, ninguém jamais se salvou. E ninguém jamais se salvará, porque quem não peca?

Qual o crente que não peca todos os dias? A própria Bíblia admite essa eventualidade (Prov.24:16) e em suas páginas encontramos pecados dos discípulos de Cristo:

Pedro pecou ao negar a Jesus.

A aceitar-se a interpretação apostasista de Hebreus 6:4-8 tornou-se impossível para Pedro ser outra vez renovado para o arrependimento.

Ai você pode dizer:

Mais Pedro ainda não havia sido batizado com o Espírito Santo.

Bem, Pedro muito tempo depois, na carta aos Gálatas cometeu o mesmo pecado, e [isto foi] muito tempo depois de Pentecostes. Depois de haver ele presenciado por muitas vezes a manifestação do poder de Deus, inclusive na ressurreição de Tabita, o seu pecado de dissimulação, de hipocrisia, de carência de convicção, fê-lo merecer de Paulo áspera repreensão (Gal.2:11).

Se se admitir a interpretação apostasista, nem [mesmo] Pedro está no céu. Foi-lhe inútil o sacrifício de Cristo. Ou Cristo teria voltado à terra e Se submetido a novo virtupério só para reabilitar Pedro.

Essa interpretação assaz exorbitante expõe o sacrifício de Cristo à ineficácia.

Se ela fosse certa e verdadeira, quem se salvaria? Cristo teria que estar morrendo a cada instante de cada dia e em favor de cada crente.



2.) Entendendo-se aquele verbo "recair" do v.6 por "pecar", é o caso de também se perguntar:

O que é pecado? Todos os pecados? O de adultério? O da embriaguez? O do roubo? O do homicídio? O da mentira ? O da irreverência no Culto? O da gula ? O da ociosidade? O da omissão ?

O texto não alude a qualquer espécie de pecado.

Portanto, se "recair" significa "pecar" trata-se de todo e qualquer pecado.

Esta sinonimização torna absolutamente impossível a salvação para qualquer pessoa, de vez que todos os crentes estão sujeitos à contingência de pecar. E voltamos à absurda conclusão da ineficácia do Sacrifício de Cristo.



3.) O texto, contudo, não trata de crentes. Graças a Deus!

No capítulo anterior a Epístola aos Hebreus foi endereçada a três espécies diferentes de seus destinatários: os crentes dedicados, os acomodados e os nominais (os "falsos irmãos" - II Cor.11:26).

Nos três últimos versos do capítulo 5o. Paulo menciona os "negligentes", "sempre necessitados de leite", usando o verbo na segunda pessoa do plural: "vos fizestes negligentes" (5:11), "ainda necessitais", "E vos haveis feito tais que necessitais" (5:12).

Mas, quando o Apóstolo passa a falar sobre os nominais, emprega o verbo na terceira pessoa: "os que já uma vez foram iluminados, e provaram... e se fizeram (6:4)....e provaram (6:5)...e recaíram...crucificam...expõe (6:6).

Nesses versículos dirigidos aos "falsos irmãos" ele não usa os verbos na segunda pessoa. Ele não diz: vós que uma vez fostes iluminados, e provastes, e vos fizestes, e recaistes, crucificais, expondes.

Tendo encerrado a brutal advertência para os "quase induzidos", a partir do v.9 retorna a se dirigir aos verdadeiros crentes, falando-lhes outra vez na segunda pessoa do plural: "mas vós" (6:9), "da vossa obra", "mostrastes", "servistes", "servis" (6:10).

Dirigindo-se aos verdadeiros crentes o escritor emprega a primeira pessoa do plural, do presente do indicativo, incluindo-se entre eles: "prossigamos" (6:1).

Nesse quadro das Escrituras ressaltam-se duas distintas categorias de pessoas: os crentes e os nominais. Entre o v.1 e os vv.4-8 de Hb 6, ocorre profunda diferença de experiência.



4.) - Os "quase-induzidos", ou os nominais ou "falsos irmãos" gozam de excelente oportunidade caracterizada pelas seguintes circunstâncias lembradas no texto, embora a experiência haja sido incompleta, de vez que não quiseram dar o passo definitivo da conversão.

Preferiram permanecer no subúrbios dela:

a) - "FORAM ILUMINADOS"
- Jesus Cristo é a Luz do mundo (Jo.8:12). A Luz Universal. João, no Prólogo do seu Evangelho, diz que o Verbo é a luz que resplandece nas trevas (1:5). Ele emprega o mesmo verbo de Hb.6:4 quando informa: "a Luz Verdadeira, que alumia a TODO O HOMEM que vem ao mundo (1:9).
Então todos são crentes? Estão todos salvos? Não! Mas, todos podem dela se beneficiar se A aceitarem. A todos a Luz do mundo é oferecida. O próprio escritor João reconhece que "o mundo não O conheceu. Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam" (1:10-11). Só se tornam filhos de Deus os que recebem Jesus Cristo (1:12), conquanto haja Ele vindo para alumiar a TODO o homem.

b) - "PROVARAM O DOM CELESTIAL", ou seja, a Graça de Deus.
"Porque a Graça de Deus se há manisfestado, trazendo salvação a TODOS os homens" (Tt.2:11). " Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a Graça de Deus, e o dom pela Graça, que é dum só Homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos...por só um ato de Justiça veio a Graça sobre TODOS os homens para justificação de vida" (Rm 5:15,18). " E TODA A CARNE verá a salvação de Deus" (Lc.3:6), dizia João o Batista.

É a vontade UNIVERSAL salvífica de Deus que "quer que TODOS OS HOMENS sejam salvos e venham ao conhecimento da Verdade" ( I Tm.2:4). O Espírito Santo que opera desde o início na conversão do pecador é chamado em Hb.10:29 de "ESPÍRITO DA GRAÇA". Ao Espírito da Graça", compete convencer o MUNDO do pecado (Jo.16:8).
Há profunda diferença entre convicção e arrependimento do pecado. Quantos se convencem dos seus pecados, mas deles não se arrependem! Impedem que o Espírito Santo complete a obra da conversão.
A obra de convencer do pecado também é UNIVERSAL. Jesus disse que o Espírito Santo "convencerá o MUNDO do pecado" (Jo.16:8). Toda a pessoa a cometer certas iniquidades se convence de que errou. É a Graça de Deus. Ela, nesta circunstância, prova o dom celestial.
Lamenta-se contudo o triste fato muito comum de a maioria não se arrepender de verdade.

c) - "E SE FIZERAM PARTICIPANTES DO ESPÍRITO SANTO". Provar do dom celestial da Graça é participar do Espírito Santo (Gn.1:2 - Jó 26:13 - Sl.104:30).
No domínio espiritual, de modo particular, a operação é toda atribuída ao Espírito Santo de Deus. Receber o seu influxo é pois participar dEle. Ele age nas consciências de todos os homens, até dos piores bandidos, sem que, contudo, a maioria permita levar Ele a cabo a sua atuação culminante com a genuína regeneração.

d) - "E PROVARAM A BOA PALAVRA DE DEUS". No conjunto de tantas circunstância muitos pecadores ouvem a Palavra de Deus. Provam-na. Convencem-se dos seus pecados. A atuação do Espírito da Graça é sensível. Mas voltam atrás. Muitos até permanecem anos e anos entre os crentes sob a influência da Palavra de Deus e dela desfrutando em cada mensagem ouvida.

e) - "PROVARAM...AS VIRTUDES DO SÉCULO FUTURO" Foi a experiência do governador Félix. No seu longo processo judiciário Paulo se defrontou com várias autoridades, dentre as quais Félix. No seu depoimento aludiu à sua esperança quanto às "virtudes do século futuro", isto é, à "ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos" (At. 24:22-24). O governador se interessou por ser melhor informado do "Caminho" e quis ouvi-lo mais "acerca da fé em Cristo" (At.24:22-24). Félix se iluminara da doutrina, provara o dom da Graça tanto assim que quis ouvir mais e com todo o interesse, tornando-se, portanto, participante do Espírito Santo da Graça ao provar da boa Palavra de Deus. Dava ele todos os passos para a sua genuína conversão. Ouviu do Apóstolo ainda sobre "as virtudes do século futuro", isto é, "da justiça, e da temperança e do juízo vindouro" (At.24:25). Félix é o exemplo típico do "quase-induzido" de Hb.6:4-5. Voluntariamente, porém, rejeitou a salvação oferecida. Sua avareza, porque contava com propinas para libertar o Apóstolo, o impediu de se arrepender e confiar em Jesus Cristo.

Nestes dois versículos de Hb. 6:4-8 em que o escritor sacro descreve o evangélico nominal não existe qualquer alusão ao arrependimento e à fé salvadora em Cristo. Há apenas referência aos preâmbulos da conversão total.



5) - No v.6 o nosso Texto diz: "DEPOIS CAÍRAM" ou "RECAÍRAM".

O sentido desse verbo, segundo o grego original, não é o de "cair de novo" ou "cair outra vez", mas sim o de "SAIR PARA UM LADO", "ESGUEIRAR-SE DO CAMINHO", "DESVIAR-SE DO CAMINHO RETO", ESQUIVAR-SE".

O nosso sertanejo paulista e mineiro quando na discussão de um assunto que o pode complicar ou no fuxico de uma notícia que o pode envolver, diz: "saltei de banda".

Trata-se em nosso estudo de um desvio intectual, de "um saltar de banda" da Verdade do Evangelho. É a renúncia voluntária do conhecimento da Verdade (Hb. 10:26). É o "pisar o Filho de Deus", é o "tomar por profano o Sangue do Testamento", é o fazer "agravo ao Espírito da Graça" (Hb.10:29).

Aquelas pessoas depois de receberem tanto, descuidadas de atingirem a verdadeira conversão, abandonaram o Cristianismo e voltaram ao judaísmo.

Não se trata, pois, de alguma fraqueza ou de um pecado em que caíram.

É um ato específico e determinado da vontade pelo qual o crente nominal rejeita em definitivo o Plano da Salvação.

O termo grego "PARAPESONTAS", empregado nesta passagem e que quer dizer "CAIR PARA UM LADO", "DESVIAR-SE DO CAMINHO RETO", corresponde ao verbo "APOSTANAI" (=AFASTAR-SE) donde a palavra apostasia, que consiste no abandono, na defecção da fé, tomada no sentido de doutrina do Evagelho.

Nas Escrituras a palavra fé pode ser tomada em duplo significado: confiança e conjunto de doutrinas.

A fé-confiança o crente nunca perde. Quem confiou em Jesus Cristo como o seu Único Salvador, jamais deixará de confiar nEle.,

A apostasia ocorre quando alguém se afasta dos ensinos das Escrituras.

O indivíduo que ouve o Evangelho e, em defluência, é iluminado, prova a Graça, participa da atuação do Espírito Santo que o convence do pecado e prova a virtude do mundo vindouro como no caso do governador Félix, e antes de atingir 'a plenitude da conversão (=arrependimento e fé em Jesus como Único Salvador) afasta-se de tudo, escapa da influência da Verdade do Evangelho, apostatou retirando-se para a perdição.



6.)- Esses nominais que receberam todos os favores divinos mencionados nos vv.4-5, recuando para perdição, incorrem numa gravíssima dificuldade.

Renunciam voluntariamente o Plano de Salvação e como [POIS] poderão ser renovados para o arrependimento?

"RENOVADOS PARA O ARREPENDIMENTO" quer dizer retornar ao anterior estado de interesse quando chegaram à beira da conversão.

Revela frisar que eles, conquanto atingidos por tantas bênçãos e se aproximando do reino, não haviam chegado ao arrependimento. Estiveram naquela situação de "tão perto do reino mas sem salvação".

Com a apostasia o autor sagrado assegura a impossibilidade de renovarem a situação espiritual anterior que os propicie a luz suficiente para o arrependimento, a fim de que mudem sua atitude mental. Jamais se renovarão para que se arrependam.

É impossível este renovamento para que se arrependam porque aos apostatarem estão se identificando como os algozes crucificadores de Jesus Cristo, expondo-O ao virtupério. É este o significado da expressão: "estão crucificando de novo o Filho de Deus" (v.6), pois é evidente que não se repete jamais o fato da cruz.

Expô-lo ao ludíbrio ou ao virtupério é porque a apostasia O ofende e O deprecia publicamente como contra Ele se comportaram os algozes ao escarnecerem dEle (Mt.27:39-44).

Esse afastamento de Cristo com a renúncia do Seu Plano Salvífico é o pecado irremissível contra o Espírito Santo (Mt.12:31-32).

Na parábola das dez virgens encontram-se as cinco insensatas que se viram privadas de nova oportunidade (Mt.25:1-13).

Na parábola das bodas há um conviva a participar das festas nupciais. As circunstâncias agraciaram-no sobremodo, mas foi excluído sem qualquer oportunidade por lhe faltar vestimenta adequada (Mt.22:11-13).

Na parábola do semeador há um tipo de coração semelhante aos pedregais. Ouve a Palavra e, "LOGO COM PRAZER" a recebe (Mc.4:16). Estes, porém, "não tem raiz em si mesmos, antes são temporãos, depois sobrevindo A TRIBULAÇÃO ou PERSEGUIÇÃO por causa da Palavra, logo se escandalizam" (Mc.4:17). Escandalizados abandonam os primeiros influxos do Espírito Santo e retornam à vida antiga.

Ao relatar a situação destes corações semelhantes aos pedregais, de certo, Jesus já prognosticava aquele grupo dos destinatários da Epístola aos Hebreus.

E a condição deles se torna pior do que a anterior. Pior "porque àquele que tem se dará e terá em abundância, mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado" (Mt.13:12).

E o demônio retorna a essa pessoa. "Acha-a varrida e adornada" porque aquela influência espiritual promoveu-lhe certa limpeza e lhe reparou alguns estragos deixados por pecados anteriores. "Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam alí, e o último estado desse homem é pior do que o primeiro" (Lc.11:26).

Essa dolorosa experiência se repete a cada dia.É se ter olhos para ver!

EM CONCLUSÃO: a períscope de Hb. 6:4-8, mesmo considerada em si mesma, separada do seu contexto e fora do teor de todas as Escrituras sagradas concernentes à Vida Eterna, não permite fundamentação alguma para se afirmar as hipóteses da amissibilidade da salvação para o crente na contingência de pecar e da possibilidade de perder ele a fé em Jesus Cristo.

Deus nosso Senhor, todavia, permitiu Hb.6:4-8 como uma esplêndida oportunidade de provarmos a nossa fé na segurança da Sua gloriosa promessa fundamentada em solene juramento.

Fim do comentário da passagem de Heb.6:4-8

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E Hebreus 10:26-31?

“26 Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, 27 Mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. 28 Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. 29 De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? 30 Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. 31 Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” (Hb 10:26-31 ACF)



Hebreus 10:26-31 é a conclusão de Hb.6:4-8.

Nesta última passagem o autor sacro enfileira os grandes favores concedidos ao cristão nominal e apresenta o motivo pelo qual ele jamais poderá ser salvo se, evitando a conversão, descambar para a apostasia, ou seja, se, desprezando tantos benefícios espirituais, der as costas a Jesus Cristo ao invés de aceitá-Lo em definitivo como seu Salvador Único. Só no v.8 há uma suscinta alusão aos castigos decorrentes da rebeldia.

Já Heb 10:26-31, conquanto mencione com vivas pinceladas em expressões contudentes a apostasia, se alonga em considerar os pavorosos castigos.

As duas períscopes, portanto, se completam.



a) Paulo, ao longo dos capítulos da Epístola, objetivou fortalecer as convicções dos seus destinatários sujeitos a uma conjuntura de indizíveis provações a fim de se manterem fiéis ao Evangelho por ser Este muito Superior ao Judaísmo.

O Evangelho é muito mais excelente por ser Jesus Cristo infinitivamente superior a Moisés e aos anjos. O sacerdócio de Cristo é infinitivamente Superior ao sacerdócio da Antiga Aliança. O sacrifício de Jesus Cristo é infinitamente superior aos sacrifícios do culto mosaico.

Do v.1 do capítulo 8 até o v.18 do capítulo 10 o Apóstolo desenvolve um profundo tratado de teologia do Sacrifício de Cristo, com o Qual Ele efetuou o Seu sacerdócio.



b) - É nessa tessitura teológica sobre a unicidade do sacrifício do redentor que, aplicando os princípios para a vida prática, em outras digressão, alude aos castigos que serão cominados contra os que pisam o Filho de Deus, tendo por comum o Seu sangue e agravado o Espírito da Graça.

Frequentadores das igrejas da Judéia haviam com o perigo de se deixarem mover pela lembrança da suntuosidade do culto mosaico o qual no passado praticaram. Se retornassem a ele estariam considerando comum o sangue de Cristo (v.29), visto que o reputariam em nada acima do sangue dos touros e bodes.

As ofertas de animais, contudo, se repetiam por serem incapazes de remover o pecado (Hb.10:4), enquanto o sacrifício de Cristo foi oferecido uma única vez e pode salvar perfeitamente. Se alguém O despreza, renega-O, estará em definitivo perdido porque Ele não pode se renovar. Cristo não morrerá outra vez (9:25-26 - 10:14 - Rm 6:9).

Repelindo-se esse sacrifício de valor infinito não há outro que o possa substituir (v.26). Recusando-se o sangue pelo o qual Jesus nos obteve a "renovação eterna" (9:12) e com o qual sancionou a Nova Aliança (9:15-18), JÁ NÃO EXISTE NENHUMA OUTRA PERSPECTIVA SENÃO A DO TERRÍVEL JUÍZO DIVINO (V.27).



c) - Em versículo algum de Hb.10:26-31 o autor dá qualquer margem a se ler pelo menos nas suas entrelinhas uma informação quanto à não-perseverança do crente. Ele, isto sim, discorrendo sobre os pavorosos castigos dos apóstatas, confirma a unicidade do sacrifício de Cristo por ser de valor infinito e infinitamente superior aos sacrifícios do culto da aliança caduca.



d) - Ao analisarmos o Texto em si consideraremos o próprio pecado e os castigos dele decorrentes.

( A )

Em Hb.6:4-8 Paulo Apóstolo minuciou os dons concedidos por Deus aos cristãos nominais. Em Hb10:26,31 menciona o pecado em si.

Ele, a partir de 10:19, está exortando os verdadeiros crentes. E do v.26 ao 31, numa nova digressão passa a falar aos "quase-induzidos" a fim de lhe mostrar a situação de perigo que se encontram e de estimulá-los a uma pronta e legítima conversão evangélica.


a) - "SE PECARMOS" (v.26) - É uma suposição. Uma hipótese inexequível para o crente na circunstância de pecar para perder a salvação.

Paulo usa a primeira pessoa do plural numa forma literária de argumentar. Um pregador ao se dirigir a um auditório heterogêneo pode dizer, por exemplo: se nos envenenarmos, se fumarmos, se usarmos entorpecentes...É um modo de chamar a atenção dos ouvintes. É claro que ele não está afirmando que em pessoa fará uma dessas coisas.

A expressão: "SE PECARMOS" é uma suposição apresentada pelo futuro do subjuntivo do verbo.

Releva notar-se que não está no futuro do indicativo: PECAREMOS, o que denotaria disposição de pecar.

b) - "VOLUNTARIAMENTE" (v.26) - E escritor sagrado na língua original, ao sabor idiomático do grego, coloca este advérbio (ekousíos) em primeiro lugar na frase com o intuito de ressaltá-lo. É o mesmo vocabulário encontrado em I Pd.5:2 que também poderia ser traduzido por "espontaneamente", "livremente"

Esse advérbio destaca a contumacidade, a malícia do pecado de deserção.

Com efeito, o pecador recebeu de Deus todos os preâmbulos da fé: foi iluminado, provou o dom celestial, a boa Palavra de Deus e as virtudes do século futuro, fez-se participante do Espírito Santo (Hb.6-4-5). Sua apostasia, ou seja, o seu abandono de todos estes favores só é resultado de uma particular, pessoal e contumaz voluntariedade.

c) - 'DEPOIS DE RECEBIDO O CONHECIMENTO DA VERDADE" (v.27) - Não vem ao caso qualquer outro pecado senão só o da recusa da verdade do Evangelho no tocante ao autêntico sacrifício de valor expiatório infinito.

Este é o pecado imperdoável. Irremissível!

É a resistência à Graça do Espírito. É o pecado contra o Espírito Santo. É a blasfêmia contra Ele.

A blasfêmia é o máximo ultraje assacado contra Deus (Mt.12:32 - Mc.3:29).

Essa iniqüidade implica três aspectos:

O de atribuir a satanás as obras de Deus como faziam os fariseus procrastinadores sempre a exigir de Jesus sinais apesar de verem-no tantos (Mt.12:22-32 - Mc.3:22-30). O de fazer passar-Se por mentiroso, se se nega a segurança ou a preservervação eterna do salvo ("Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho, quem a Deus não crê MENTIROSO O FEZ, porquanto não creu no testemunho" quanto à vida ETERNA, é o "pecado para a morte", ou imperdoável.

E o de recusar em definitivo Jesus Cristo como Salvador único, fato este que significa atribuir a satanás as obras de Deus ao pisar o Seu Filho tendo por profano ou comum o sangue do testamento.

Aqueles antigos fariseus apesar de agraciados com o contemplar fisicamente o Mestre e presenciar a vista os Seus prodigiosos sinais, não tinham recebido os maiores dons que os cristãos nominais recebem.

Afinal de contas estes "quase-induzidos", como resultado de tantas graças (Hb.6:4-8), tornaram-se "amigos do Evangelho" enquanto aqueles fariseus sempre foram inimigos acirrados de Cristo.

Incidiram no pecado irremissível de injúria ao Espírito Santo por acusarem Jesus Cristo de operar sob o impulso do diabo e por resistirem ao testemunho evidente dos Seus sinais.

Com mais vigorosos motivos cometem o pecado para a morte os "temporãos" do Evangelho quando dEle apostatam, pois foram participantes do Espírito Santo.

Contra este Espírito blasfemam eles porquanto Deus, pelo testemunho do Seu Espírito Santo, lhes tem revelado intimamente.

Assemelhou-os Jesus Cristo àquele servo mau e negligente a quem o Senhor dera um talento, que, pela sua incúria, se tornara inútil e réprobo das trevas (Mt.25:24-30).

O pecado imperdoável tratado nesta ocasião (Hb.10:26) é, por conseguinte, o da rejeição da Verdade depois de conhecê-la.



( B )


1) - Do pecado de defecção da Verdade do Evangelho as sanções são as mais pavorosas.

a) - Toda a sociedade bem organizada ao código civil anexa o código penal para as infrações da lei.

Por isso Deus promulgou sanções para a sociedade israelita da Antiga Aliança.

O Apóstolo menciona a penalidade máxima para os infratores de certos artigos da Lei: "QUEBRANDO ALGUÉM A LEI DE MOISÉS, MORRE SEM MISERICÓRDIA, SÓ PELA PALAVRA DE DUAS OU TRÊS TESTEMUNHAS" (V.28).

Naquele código veterotestamentário havia crimes passíveis de pena de morte: os pecados de contumaz malícia (Nm.24:13-16), as violações sexuais de adultério, incesto, sodomia e bestialidade (Lv.20:11-17), a insolência contra os sacerdotes (Dt.17:12), a profecia falsa (Dt.18:20), o homicídio voluntário (Nm.35:30), a idolatria (Dt.13:7-12 - 17:2-7), a feitiçaria (Êx.22:18), a maldição contra os próprios pais (Êx.21:17).

Nesse casos o criminoso, "SEM MISERICORDIA" era condenado à morte sob "a palavra de duas ou três testemunhas" (v.28), memora Paulo Dt.19:15.

b) - Será, porém, muito maior a inexorabilidade da punição contra quem comete o maior crime. Crime muito maior do que aqueles da velha legislação e que exigiam a pena capital: "DE QUANTO MAIOR CASTIGO CUIDAIS VÓS SERÁ JULGADO MERECEDOR AQUELE QUE PISAR O FILHO DE DEUS" (V.29).

"PISAR" ou pisotear, calcar, espezinhar, no grego original (katapatésas) tem algo de onomatopéico. Ao pronunciar o vocábulo grego tem-se a impressão de se estar ouvindo o sapatear do pisar ou conculcar com os pés.

"PISAR" é o ato de supremo desprezo, de aviltamento, de humilhação, de quando se calca sob os pés o sal insosso (Mt.5:13) ou de quando os porcos, animais imundos, pisam as pérolas preciosas (Mt.7:6).

A essa repulsa ao Filho de Deus depois de havê-Lo conhecido como Único Salvador, assemelha-se o gesto insano dos porcos que desprezam as gemas de alto valor.

c) - O apóstata considera "PROFANO O SANGUE DO TESTAMENTO" (v.29). Recusa-O como de valor propiciatório por tê-lO por comum, vulgar, vil. Renega o sangue redentor do homem e santificador do testamento (Ef.1;7 - Rm.3:25 - Cl.1:14,20 - Ap.1:5 - 5:9).

d) - O desertor da Verdade do Evangelho pisa o Filho de Deus, equipara o sangue do testamento ao sangue vil e comum e faz "AGRAVO AO ESPÍRITO DA GRAÇA" (v.29).

Lá em Hb.6:4-8, o autor da Epístola se refere às bênçãos outorgadas ao coração empedernido do "amigo" do Evangelho. Aqui ele procura demonstrar a extrema malícia desse "quase-induzido" na eventualidade de desprezar aquelas bênçãos ao procrastinar.

Esta resistência ao Espírito da Graça por haver este cercado o apóstata com a Sua gratuita benevolência.

e) - A tremenda realidade do castigo divino é ameaçada pela própria infalível Palavra de Deus: "POR QUE BEM CONHECEMOS AQUELE QUE DISSE" (v.30).


No Antigo Testamento se precisava do depoimento de duas ou três testemunhas. Agora a Palavra de Deus é além de suficiente.

A Palavra de Deus que disse: "Minha é a vingança, Eu darei a recompensa" (v.30). Expressões estas do Cantigo de Moisés (Dt.32:25)

E disse "outra vez: O Senhor julgará o Seu Povo" (v.30).

A punição cabe ao próprio Deus Justo!


2) - A pena é tão pavorosa que está fora do alcance da nossa imaginação. Tão indizível que a própria espera dela já se torna tremendo castigo.


a) - "UMA CERTA EXPECTAÇÃO HORRÍVEL DE JUÍZO" (V.27) - é o aguardo, a espera da chegada do Juízo. Angustiosa, ela é terrível e temível.

Tão horrorosa que Paulo nem sequer ousa qualificá-la ou defini-la. Restringe-se a designá-la genericamente de "UMA CERTA".

Já presenciei a morte de apóstata. De pessoas esclarecidas no tocante à verdade do Evangelho por elas "voluntariamente" (v.26) recusada. Sob o terror do Juízo iminente e pavoroso castigo!

Conquanto conheçam o plano de salvação e apesar da certeza do Juízo horrendo, cristalizadas para as penas eternas, são incapazes de se arrepender. Estrangula-lhes a consciência em pânico a "ESPECTAÇÃO HORÍVEL DO JUÍZO".

b) - "ARDOR DE FOGO QUE HÁ DE DEVORAR OS ADVERSÁRIOS" (V.27) - é a realidade da punição muito mais terrível do que a expectação.

Este "ARDOR" ou "FUROR DE FOGO" é a pena da ira de Deus, o Qual castiga com fogo (Mt.25:41 - Mc.9:44, 46,48 - Ap.11:5). Fogo inextinguível (Is.66:24).

c) - A expectação do juízo é horrível (v.27). Porém supremamente "HORRENDA COISA É CAIR NAS MÃOS DO DEUS VIVO (v.31).

A perícope digretória é concluída com esta sentença inimaginável o cérebro humano.

Se é horrível a espera, a expectação da sentença em sua terribilidade ultrapassa todos os limites.

Se as mãos onipotentíssimas de Deus guardam o crente (Jo.10:28-29), essas mesmas mãos infinitamente justas e justiceiras vingarão o sangue do Cordeiro naquele que dEle apostatarem.

Davi numa circunstância de perplexidade angustiosa, quando ameaçado de disciplina por haver desagradado ao Senhor, alvitrou cair nas mãos de Deus, "Estou com grande angústia, porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as Suas Misericórdia, mas nas mãos dos homens não caia eu" (II Sm.24:14).

Com efeito, as mãos de Deus são paternais, são de misericórdia para com os crentes, os que pela fé evangélica, honram o sangue do Cordeiro. A Sua disciplina é de bênçãos e de recondução às sendas do crescimento na Graça.

São elas, contudo, de extrema vingança para os apóstatas.

Com o v.31, posto o fecho da digressão, nos vv, 32 e seguintes o escritor retoma o fio de suas exortações de cunho moral dirigidas aos genuínos crentes:"LEMBRAI-VOS, porem... (v.32).

E no v.39, para não deixar margem alguma a possíveis dúvidas, relembra a divisão entre os salvos e os "falsos irmãos" apostatados: "NÓS, porem, NÃO SOMOS DAQUELES QUE SE RETIRAM (apostatam) PARA A PERDIÇÃO, mas DAQUELES QUE CRÊEM PARA A CONSERVAÇÃO DA ALMA"





Retirado das páginas do Livro 268 a 277 do Livro "O Crente Pode Perder a Salvação?" de 350 páginas. Edição "Caminho de Damasco Ltda - 1987.

www.gilsonsantos.com.br/pdfs/anibal_pereira_reis_doutrinas_da_graca.pdf


Dr. Anibal Pereira dos Reis (Ex-padre).
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http://www.desafiodasseitas.org.br/ex-padre-anibal.htm